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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O lugar predileto de Theo e Nana

Falaram que no início de tudo era o verbo, e este se fez carne. Criar! Transformar! Talvez, “existir”!  Automaticamente, uma imposição, uma submissa e calada obediência,  o tempo, os dias, o tédio, o orgasmo e, por fim, a condenação. A ordem clara violada era SER, e não DIVERTIR-SE! Que ousadia a daqueles humanos!
 
De uma foda veio toda a esculhambação mundana: o apogeu e queda de Sodoma e Gomorra, os famosos bacanais da Roma Antiga e, muito tempo depois,  as casas de swing, uma das quais veio a se tornar “o lugar predileto de Theo e Nana” – talvez o casal mais descolado da cidade.

Theo amava Nana, mas desejava Ana, Fábia, Thereza, Ângela, Carla,... Nana também amava Theo, mas gostava de ser tocada por outros homens. Um dia chegaram a conclusão de que não adiantava continuar enganando um ao outro. Se trair parecia um caminho natural, porque não incorporar a poligamia à relação? Assim, mergulharam de cabeça em suas aventuras, sem esquecer de que juntos eram mais fortes, cúmplices de segredos inconfessáveis. Tinham um ao outro como apoio para os dias em que o “clube” não abrisse as portas.
 
Uma noite normal.  Nana, barba, cabelo e bigode. Insaciável!  Mas toda a segurança e estabilidade do casal acabou no exato instante em que Zé, um velho conhecido, fodeu o rabo de Nana. Não pela iniciativa, não pela região em si. Não era a primeira vez, muito menos a última, em que fazia isso, mas talvez fosse de fato a primeira vez em que ela sentiu prazer com a penetração.  Aquilo irritou Theo, que não conseguiu lidar com o esplendor da excitação de Nana. Tentou vencer Zé, por uma questão de honra, no início com movimentos que considerava precisos, depois com estocadas violentas, manifestações exatas do ciúme que o consumia. Nana se machucou... para sempre! Não por culpa da enrabada, e sim por causa da desconfiança que se estabeleceu a partir de então. A ordem clara violada era divertir, e não ser! Que ousadia a dos dois.   

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PA-LHA-ÇA-DA

Hora do intervalo em toda a putaria que se estabeleceu nesse espaço. O assunto é sério, ou engraçado, sei lá! A sacanagem, ou a falta de vergonha na cara de certos candidatos do horário eleitoral, é o tema de minha entrega de hoje.

Não por menos (ele merece, convenhamos), a bola da vez e vedete do período eleitoral é o humorista/palhaço Tiririca, com candidatura tão esquisita quanto a dos cantores do KLB; a da “curvilínea” mulher pêra; do ladrão de vasos de cemitério – e também estilista, apresentador e cantor – Ronaldo Esper; do agressor de mulheres – e cantor e apresentador – Netinho, do pugilista Maguila; ou ainda a drag queen travestida de Marylin Monroe com sobrenome de bebida alcoólica e língua presa, Salete Campari.  Veja o copilado de vídeos aqui

O fato é que, segundo a Folha de São Paulo, Tiririca pode chegar a 900 mil votos e se tornar o deputado federal mais votado de todo o país! O que explica esse sucesso?

Suspeito que a maioria desses eleitores não está interessada em propostas (ele tem alguma?), uma vez que a campanha do candidato utiliza-se  do slogan “pior que tá não fica”, e no comercial diz sem pudor que não sabe o que um deputado faz.  Tudo muito honesto, sem floreios.

Parte do sucesso da campanha de Tiririca se vale do próprio sistema em que estamos inseridos.  De dois em dois anos todos os brasileiros se vêem obrigados a votar, muitas vezes sem o discernimento mínimo das competências de vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Roubam? Desviam? Mentem? Ok, tudo bem... e o quê mais? 

Brasileiros comparecem em massa as urnas, sem entender a importância do ato cívico e como aquilo pode impactar diretamente o seu futuro.  Isso quando são capazes de lembrar o nome e o partido dos políticos votados! “Cobrar? Para quê?!? Não vai dar em nada mesmo!”. Somam-se ainda os inúmeros casos de corrupção, as incontáveis promessas esquecidas, os projetos fascinantes engavetados... 

Tiririca representa para todas essas pessoas uma resposta: pior do que está não fica. Se tudo é uma zona ou um circo, vamos pelo menos rir um pouco. A sua alta popularidade é uma reação a todos os casos explícitos de corrupção que nos fizeram acreditar que tudo não passa de uma grande palhaçada, uma verdadeira piada. O porém, agora, é a troca das peças, a inversão dos papéis: o povo mostra de quem quer rir e coloca de uma vez por todas o nome nos bois. Faz sentido.

Mais: ao contrário dos outros, Tiririca é o único que diz a verdade a sua audiência.  Ele não vai melhorar a segurança pública, construir postos de saúde, priorizar a educação e toda aquela balela de sempre. Com ele, Brasília não ficará melhor, mas tampouco piorará. Ele não sabe o que fará e, por isso, não promete nada.  Melhor assim.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Com quantos paus se faz uma canoa?

Não precisava saber, já que bastava um, o dele, para conseguir tudo o que queria. "Meu Deus, que sorte a minha!", exclamava, certo de que a vida tinha sido realmente muito generosa com ele. Conseguiu um emprego, uma promoção, uma casa, uma família, amantes, dinheiro, poder e o mais importante de tudo, uma fama inigualável de garanhão. Fazia como pediam: devagar, depressa, com carinho, com jeitinho, forçado ou agressivamente. Sem dó, tirava sangue e provocava suspiros, gemidos, grunhidos, gritos de dor!

Até que conheceu ela.

Ela também não era flor que se cheire e dona de uma disposição cavalar, inibiu a performance dele em uma única chave de perna. Comprimiu os músculos, sugando tudo com um apetite fora do comum. Ninguém nunca tinha conseguido ir tão longe, permitido chegar tão fundo. Ela parecia não ter fim, e o pior de tudo: pedia mais! Como satisfazer aquela vaca?

Ele julgava-se o maioral, mas diante dela tornou-se nada. Brochou, perplexo com o vigor que subiu daquela vulva. Tentou animar sua arma, mas quanto mais insistia, mais sentia o músculo se envergar, ganhando uma elasticidade constrangedora. "Endurece, porra!". Tentou relaxar, mas a imagem da mulher tocando-se na falta de algo mais concreto, o rebaixou ao nada.

Ela fez a sua parte e tentou ajudar. Com as mãos, com os lábios, com a língua, com os peitos... ela tentou e acabou por se divertir ao perceber a repentina timidez que transpareceu naquele meio sorriso no canto da boca. Resolveu ali que chegaria ao orgasmo sozinha. De que valia afinal um pau daquele tamanho?

Por fim, gozou se deliciando ao reduzir aquele homem à sua impotência e por perceber que, para ele, aquela falha seria um divisor de águas. Ele deitaria com muitas, mas jamais esqueceria daquela noite. Não era mais o mesmo e tudo por causa dela.

 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O prato que se saboreia quente

Jessica se tornou Jessy por motivos nada convencionais. Não foi pelo dinheiro, pela aparente vida fácil, por inocência ou sobrevivência. Não era o calor que sentia no meio das pernas, e sim o ódio que cegava a sua visão. Ela decidiu que aquela seria uma vingança mais do que merecida.

Pensou também em matar – ele, a outra e a si mesma – mas desistiu porque sabia que todo o ódio que sentia ainda era pequeno para atiçar algum instinto assassino. Melhor desistir do que ter de lidar, além de todo o resto, com a sua covardia.

Iria à zona, portanto, e se tornaria uma delas. Deitaria com quantos homens fossem necessários até o dia em que ele soubesse de sua fama e procurasse por seus serviços. Esperava que, com o tempo, o marido entrasse no muquifo e procurasse por Jessy, sem saber que a puta comentada era, ninguém mais ninguém menos, do que ela mesma – sua esposa!

E por que tudo aquilo? Por uma simples desconfiança que a levou a seguir os passos do marido até a porta do puteiro ao lado. Aquilo explicava todas as reuniões tardias e cada vez mais frequentes, justificava o baixo desempenho sexual dos últimos tempos e o pior de tudo: o pouco rendimento do salário no final do mês. Aos poucos ele se tornou um imprestável.

Não chegou a gostar da vida. Era difícil competir com as meninas, mas aos poucos conquistou o seu espaço, porque atendia – sem preconceitos e sempre disposta – a quem a quisesse, independente do dinheiro oferecido.

Para ela, quanto mais repulsiva a imagem de quem a fodia, melhor! Seu prazer aumentava ao tentar adivinhar a reação do marido quando soubesse do trato que ela dava em todos aqueles homens sujos, nojentos e, as vezes, fedidos. Gozava com cada um deles ansiosa pelo dia em que vomitaria tudo, sem floreios, na cara dele. Talvez ele sentisse por ela, o nojo que um dia ela sentiu por ele. Seria então uma vingança justa e precisa.

O cara que desenhou, gustha.com

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Trabalho de campo

Gilmar acordou há três minutos do relógio despertar desejando um dia cessar com as próprias mãos o cacarejar altivo e incessante do galo. Mais do que desejo, sabia que mais cedo ou mais tarde chegaria o dia em que, se quisesse, poderia arrancar suas vísceras e enfim saboreá-lo, pedaço por pedaço. Era o seu trunfo.

Pensou em tudo, quis não lembrar de nada. Em vão. Era forte demais saber que o próprio pai o havia condenado àquele exílio. Como se fosse possível mudar alguma coisa... Como se a simples estupidez machista e o trabalho árduo no campo fossem capazes de transformá-lo.

Tentava entender a linha de raciocínio do seu pai, mas na prática sentia-se ainda mais preso a sua essência. Tudo ali remetia a sexo e sabia que a qualquer momento poderia explodir com tanto desejo acumulado.

Atravessou o pasto desviando ao máximo das fezes frescas do gado, redobrando a atenção ao seu aproximar do curral, onde uma grande quantidade acumulava a espera do dia em que se tornaria esterco. Nem mesmo depois de todas aquelas semanas havia se acostumado com aquele cheiro.

A primeira vaca de muitas outras abriu espaço para sua mente poluída. A temperatura das tetas que preenchiam suas mãos, o movimento de vai e vem ritmado, o leite branco e quente que saía em jatos...

Gilmar teve o que queria: leite quente e em baldes, todos os dias! Enrijeceu seus músculos, noite e dia, o que fez o pai ter a falsa impressão de que tamanha ignorância havia surtido efeito. Foi um excelente e duro trabalho de campo. 

 *O cara que desenha aqui, gustha.com

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Megalomaníacos

Já fomos simples? Nos tornamos complexos? Chatos? Ou exigentes? Exatamente quando e sob quais preceitos tudo isso aconteceu? Se é mesmo verdade tudo o que escuto - que a busca pela felicidade se torna mais difícil a cada novo ano que completamos - morreremos infelizes? E tudo culpa de nossa complexidade, chatice ou exigência? Vale a pena pensar.

Corremos como loucos atrás de realizações pessoais que gerem o mínimo de satisfação (e comodidade, conforto, luxo, corpos, dinheiro, sexo, fama, tranquilidade e mais um monte de outras coisas), mas não conseguimos traduzir isso em felicidade. É isso? Como megalomaníacos sem chão... O tempo passa, castramos nossas próprias asas e, de repente, em um dia que não sabemos ao certo quando, simplesmente deixamos de voar.

Bem ali nos comentários do post passado, a Mel anda num momento em que sente saudade de tudo o que lhe parece simples, de uma vida que parece tão distante, de quando as coisas eram menos complicadas. A Paula Jácome restringiu o sentimento a poder jogar seu voleizinho, sair com suas amigas, beijar o seu marido, ficar com seus filhos pela manhã, trabalhar um pouco à tarde e comprar os seus vestidos. O Rafael Antônio acredita que com o passar dos anos queremos coisas mais grandiosas e por isso nossas decepções aumentam e nosso conceito de felicidade muda. Por fim, o Renan Agostini não acredita em felicidade plena, mas sim em momentos felizes que, algumas pessoas, têm sorte de ter mais do que outras.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ser feliz, mas como?

Ando numa batalha feroz para convencer o Rafael Antônio a ter um blog. Dono de ideias nada convencionais ele ainda consegue me surpreender com algumas de suas declarações, e eu acho um desperdício elas ficarem restritas a um ou outro amigo, sem uma potencial chance de provocar reações e gerar reflexões/discussões.

A última que ouvi, e que reproduzo aqui, é depressivamente assustadora. Após dividir a vida em três fases (realista já que compreendem o espaço de tempo em que ele conhece), Rafael clusterizou a busca pela felicidade da seguinte forma:

- Antes da faculdade, somos felizes e não sabemos;
- Na faculdade, somos felizes e sabemos disso;
- Após a faculdade, não somos felizes e temos total consciência.

Pessoalmente não considero tão simples e fácil assim. Ou desesperador, já que eu estaria imerso em infelicidade, sem perspectivas futuras e ainda por cima convivendo com a saudade de um passado cada vez mais distante.

Ser feliz não é fácil, quando não se quer ser, e se torna extremamente difícil quando nos tornamos exigentes com a vida que levamos. Cobramos de nós mesmos uma performance cada vez mais técnica e esquecemos de vivenciar tudo o que há de "pequeno". E aí nos lembramos do tempo em que tudo era simples, minúsculo, e as preocupações simplesmente não existiam... Éramos felizes e não sabíamos!

Trouxe o assunto aqui ao blog para saber: o que te faz feliz? Quem sabe não seja um caminho ou um guia que ajude a outras pessoas já descrentes da vida que levam? Vamos ajudar o Rafael a enxergar a felicidade... Que tal se convencêssemos ele a começar por um blog?

Conto com a ajuda de todos vocês.