E assim a banda toca no Facebook: depois dos quizes e da fazendinha, a mania da vez é pedir conselhos a Xuxa, receber “dicas bafo”, consultar o Mestre dos Magos, ouvir poucas e boas da Derci, ou ainda quem sabe uma cantada de pedreiro.
Sim, a rede de relacionamento depois de ajudar os seus participantes no processo de conhecimento de suas identidades e transportá-los de volta a fase infantil com o game de estratégia (?) Farm Ville , pretende assumir o posto de guru/psicólogo/ conselheiro/melhor amigo.
Como bem diz a minha avó, se conselho fosse bom, era vendido! Não é o caso. Portanto, aí vai uma dica bacana do Doug aqui: Eu tenho mais o que fazer. E vocês? Não? Então está na hora de procurar, não é mesmo?
Uma cidade é capaz de transformar os indivíduos em pessoas mais insensíveis? Antes da resposta - que eu não pretendo dar - eu sei que tem todo aquele lenga lenga de que regras têm exceções, de que o que vale para o José pode não valer para o João muito menos para o Tomé e de que tudo, se olhado com cuidado e um distanciamento mínimo, não passa de uma questão de perspectiva.
Sendo assim, porque bolas vou perder meu tempo escrevendo - e vocês lendo - esse bendito post?
A insensibilidade cosmopolita há muito tempo me incomoda e duvide-o-dó que vocês consigam passar indiferentes a isso. Mesmo porque se eu estiver enganado e vocês não ligarem a mínima para o que eu disse, isso, por si só, mostra que não estou errado e posso afirmar sem medo que, infelizmente, o progresso parece impermeabilizar a nossa alma.
Não tirei isso do nada. Lembro que quando cheguei a São Paulo vi uma cena que me chocou: uma senhora sem um único fio de cabelo na cabeça, membros atrofiados, com máscara cirúrgica e um olhar penoso de quem espera angustiada pelo malfadado destino. Ao seu lado um pedaço de papelão e um pedido de ajuda - financeira, óbvio. Em plena Avenida Paulista as pessoas simplesmente ignoravam a sua presença, enquanto eu, na época, fiquei compadecido e ofereci as últimas moedas que tinha no bolso. Lembrei dos pedintes de Timóteo/MG... sempre os considerei um bando de preguiçosos. Aquela senhora era diferente: tinha o câncer, a atrofia e a indiferença de toda uma multidão engravatada.
Acontece que o tempo passou e como ela vi outros tantos pela rua da cidade. O que era um fato isolado se tornou rotina e o que era uma novidade, virou corriqueiro, parte do cotidiano. Mesmo porque se eu fosse ajudar a todos...
Fiquei assustado outro dia quando um conhecido, mineiro também, me disse entre uma série e outra do supino, que não vê a hora de ir embora de São Paulo. "Como assim?", retruquei. A resposta estava pronta na ponta da língua:
- Ah cara! Essa cidade torna as pessoas menos amáveis. Ninguém aqui quer nada com nada e você leva tanta cacetada que uma hora acaba se acostumando e passa a fazer parte desse mesmo sistema. Eu não quero isso para mim.
Fofo, inocente... Quase aconselhei uma terapia, mas talvez ele tenha razão. Eu mesmo não espero mais nada das pessoas que conheço aqui. É sempre o mesmo papo, "adorei você, vamos nos ver amanhã? Me passa o seu telefone que eu te ligo". Eu até cheguei a acreditar nisso algumas vezes, hoje não caio mais... E não que eu seja uma vítima: também já prometi ligar e no outro dia, com a desculpa do trabalho, da academia, do trânsito... Vocês já sabem!
Medo de me relacionar? Uma tendência à solidão? Ou será que como o meu conhecido alertou, já faço "parte do sistema"? Tudo em São Paulo é muito longe, para tudo tem trânsito, sem contar que demanda um tempo danado. Desculpas fajutas. Poderia falar de mais um monte de coisas - como as amizades da faculdade do meu irmão, que nem de longe se parecem com as que tive em Viçosa/MG; ou ainda das amizades de balada -, mas o texto já ultrapassou todos os caracteres do bom senso em tamanho e amargura.
Vejam vocês, demorei um tempo danado até que tomasse coragem e me expusesse dessa forma aqui no blog. Sou um cara bacana, fraterno, boa praça, gente fina, amoroso, legal, divertido, mas as vezes revelo um coração de pedra ASSUSTADOR. Ah! Tinha esquecido de que sou sincero também e foi por isso, respondendo a pergunta que fiz lá em cima, que resolvi escrever este post. Quem sabe assim não "vivo mais"?
Kassab finalmente recuou da tal decisão de cortar 20 % da verba destinada à limpeza da cidade. Mesmo sem a adesão de todos os garis, o sindicato mostrou ao prefeito - com um pouco de caos e muita sujeira - que o corte era estapafúrdio e totalmente nonsense: São Paulo precisa é de mais investimentos na área e basta uma caminhada pelo centro ou bairros periféricos para saber disso.
Como já disse aqui no D Delivery!, eu sou entusiasta das Leis Cidade Limpa, Seca e Antifumo. Acho que é bem por aí mesmo, infelizmente: tudo na base da proibição e/ou limitação de direitos. Com o lixo, no meu entendimento, deveria ser a mesma coisa com algo do tipo, jogou no chão? Autuação imediata, multa. Eu sei que um pouco de educação seria suficiente, mas não adianta ser utópico, lições simples de cidadania passam bem longe da formação básica do brasileiro médio. A dor no bolso apertado resolveria, aposto!
E como seria isso? Vamos lá... A princípio começando por bairros pilotos - Jardins, Higienópolis, Morumbi - e importantes avenidas - como a Paulista, Brigadeiro Faria Lima e Berrini. Câmeras seriam instaladas em pontos estratégicos - a maioria já tem - e guardas monitorariam os cidadãos, aplicando quando necessário advertências e multas. Para completar, lixeiras em todos os postes - a exemplo do que já existe na Rua Frei Caneca - e campanhas de incentivo à coleta seletiva e reciclagem.
Para Lavoisier, "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Para Chacrinha, em uma interpretação livre e muito feliz da lei do físico francês, "na televisão, nada se cria, tudo se copia". Verdade,
O melhor de tudo? Com tamanha originalidade ganhar o prêmio de Melhor Clipe Feminino no VMA deste ano. Não merece mesmo, não é Kayne?