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sábado, 23 de outubro de 2010

Em menos de 140 caracteres

Três minicontos publicados no meu Twitter:

O menino chegou e se sentiu pequeno diante de toda aquela grandiosidade, mas saiu de lá um gigante, preenchido por palavras.

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"Não te criei para isso", esbravejou sem sucesso. Decidida, a filha caminhou em direção ao seu triste destino.

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Tick-tock Tick-tock ... Brrr! A...a...atchim...a...a..ahchoo! Argh! Baruuum! Pim ping plim plic... Ufa! Zzz!! Snore ron ronc!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Confusa

 Sabe quando sobe um frio na barriga, a respiração falha, o coração dispara, o corpo se aquece - depois se esfria rapidamente - e o chão desaparece sob os seus pés? Foi assim ontem.

Ainda não me acostumei, não assimilei a ideia de que tudo mudou e, com lágrimas nos olhos, assumo que não estou preparada para viver sem ele. Tenho que ser forte nesse ponto.  Foi tudo de repente, sem aviso, uma surpresa. A pior notícia que poderia chegar pela manhã. Atendi o telefone e uma voz, sem piedade, soltou palavras que meu cérebro custou a compreender.

Eu teria de me habituar a viver sem ele. Por quê? Eu me perguntava e sabia que ninguém, jamais, daria uma resposta plausível. Nada, nunca mais, de jantares românticos, declarações apaixonadas, beijos calorosos... Como acreditar que eu poderia amar novamente? Impossível.

E aí, de repente, ontem. Entendam, não estou sendo dramática! Há meses estabeleceu-se o silêncio absoluto e eu fingia acreditar que um dia superaria, que toda aquela dor que me consumia iria embora para sempre com ele.  E sem nenhuma explicação ali estava ele, online de novo, bem na minha frente, na tela do meu MSN. "Impossível", repeti para mim mesma, mas não consegui controlar a minha emoção e veio tudo: o frio na barriga, a falta de ar, o coração disparado, a sensação febril e aquele vácuo no chão.

Entendam, não estou sendo exagerada. Marcos morreu de um AVC em janeiro, o que tornaria impossível a sua presença no mundo virtual, não?  Óbvio que sim, tentei me convencer, mas não resisti até clicar sobre o seu nome e puxar assunto. Senti toda dor, de novo, quando Murilo revelou-se. Disse que tinha descoberto a senha do email  do irmão e estava ali com uma única missão: encerrar de uma vez por todas aquela conta. Só aí me dei conta de que eu mesma não havia deletado Marcos da minha lista de contatos.

Sim, eu tinha a esperança...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O estepe da Cléo

Tudo certo. Não vou me desesperar. Li o manual e posso consultá-lo de novo, agora mesmo, apesar da falta de luz da madrugada. Sou um cara esperto, descolado e meio autodidata. Em todo o caso, não importa essa escuridão toda: posso ligar o farol e aproveitar a luz  das lanternas para reler tudo atenciosamente! O nome disso é "saber se virar". Saco... não consigo me concentrar! Quem é que escreveu essa merda? 

Talvez não seja necessário seguir passo a passo aquelas dez etapas. Sério, não pode ser tão dificil assim trocar uma roda! Afinal, qual a complicação em desenroscar algumas porcas e enroscá-las de novo? Sou homem e isso não deve ser nenhum problema para mim. Sabe como é... a gente nasce sabendo fazer essas coisas, não?

Não. Para começar demoro meia hora para achar o estepe. A culpa não é minha! Onde já se viu escondê-lo debaixo do carro? Desde que eu me entendo por gente - e via meu pai trocando pneus (Ok, não foram muitas vezes... talvez umas duas? Três? Sei lá... não lembro) - o reserva ficava no porta-malas, embaixo do carpete. Super simples de retirar, inclusive. No modelo do meu carro, tudo diferente e eu me pergunto porquê... Mais: por que não me importei com isso quando fui comprá-lo? Ah é... ganhei ele de presente no natal passado.

Pneu no chão, ferramentas nas mãos. Torço para que um carro passe e me socorra, mas os poucos que circulam por ali simplesmente ignoram os sinais D-E-S-E-S-P-E-R-A-D-O-S que faço com os braços. Comecei com um tchauzinho. Não deu certo. Levantei o braço para o segundo automóvel... em vão, também. No quinto, perdi a vergonha e sacudi o mais alto que pude, gritando "Pareeeee" descontroladamente. Eu teria parado... JURO que teria! Enfim, não dá mesmo para esperar um pouco de solidariedade hoje em dia. Ainda mais de madrugada.

Bom, só me resta arregaçar as mangas e trocá-lo. Se eu tivesse atrasado cinco minutos, talvez errasse o buraco e tudo isso não estaria acontecendo. Se eu não tivesse brigado feio com a Cléo e saído no meio da noite só por ter lido aquele estranho SMS do tal do Beto. Pensando agora, assim, friamente, não significa nada receber um torpedo no meio da noite, não é mesmo? E Beto pode mesmo ser um colega da faculdade... E "Pode falar? Beijão, Beto" não insinua necessariamente um caso, ou insinua?!?

Deveria ter acreditado no que ela disse. Não a parte final, quando partimos para as ofensas e ela me mandou embora, gritando para quem quisesse ouvir que eu não presto para nada, que sou um filhinho de papai, mimado. Piranha! É, essa parte não conta, porque ela falou no calor do momento, sem pensar. Afinal, ela seria uma idiota se namorasse um cara assim! Sou meio chato, ciumento e gosto tudo do meu jeito, mas filhinho de papai e mimado é BASTANTE exagerado. Eu trabalho, poxa! Na empresa do meu pai, está certo, mas não fico o dia inteiro em casa "curtindo" como ela disse.

Foco: preciso trocar o pneu. Não quero, mas não tenho muita escolha! Se eu pelo menos não tivesse jogado o celular contra a parede, demonstrando toda a ira que me consumia, já teria acionado o seguro, ou ligado para o meu pai, ou pedido perdão a Cléo por todos adjetivinhos que soltei sem querer. Ela é muito sensível, leva tudo a sério. Okay, eu devo ter pegado pesado, ou melhor, BEM pesado com uma ou outra palavra, mas convenhamos, eu seria uma idiota se namorasse uma garota assim, não?  

 Quem desenhou, aqui

sábado, 2 de outubro de 2010

O mago está de volta

Infelizmente! 

O fato é: não lia nada tão chato desde "A Cabana". Eu, de verdade, não ligo a mínima para a busca/recomeço/ou seja lá o quê que move Paulo Coelho na jornada das 253 enfadonhas páginas de "O Aleph". Só queria saber se ele cita Glória Maria e a matéria exibida pelo Fantástico em 22/10/2006 (Veja aqui). Quer saber? Preferia sentir saudade a um reencontro como esse.