- Você tem certeza que espera encontrar a “pessoa certa” no meio de uma pista de dança?
Emudeci. Ele, meu amigo, tinha plena razão e, agora diante de algo tão óbvio, só me restava perguntar o porquê de eu nunca ter percebido isso antes. Odeio comer mosca, ainda mais quando as coisas são tão explícitas e descaradas.
Ao som dos cdjs não adianta a ilusão de um encontro casual, espontâneo. As pessoas estão ali com objetivos bem claros, e qualquer aproximação só se justifica por uma explosão carnal ou mesmo por um interesse não declarado em suprir a depressão momentânea causada pela embriaguez. No outro dia, sobram ressaca, bad e solidão. Cada um na sua, lutando arduamente para sobreviver!
Em uma atmosfera carregada por luzes coloridas e uma euforia induzida, não há espaços para anjos. Como esperar então que a flecha do cupido te acerte em cheio? Impossível! E antes que digam que isso é um texto descrente e frustrado de um mal amado: aprendi que me basto. Nunca me senti tão satisfeito pela incrível pressão provocada pelos dois conjuntos de músculos das minhas mãos. Vivo aventuras épicas, sou amante de estereótipos perfeitos e evito qualquer tipo e risco de exposição daqueles esquecidos dentro de quartos escuros, “matinhos”, banheiros, vapores...
Tenho medo da promiscuidade, da fornicação inconsequente. Mas isso ainda é pouco, perto do medo que tenho de me relacionar com certos tipos programados exclusivamente para o seu bel prazer.
Eu quero um namoro, não um divã. Não preciso de apenas mais uma companhia para as baladas. Quero me divertir com coisas simples e inusitadas, rir e me emocionar com pequenos gestos. Não quero me tornar um pai, o ditador, aquele que impõe regras. Espero o mínimo de maturidade, para que possamos crescer juntos. É pedir demais?
No fantástico mundo de Doug não tem cavalo branco, carruagem e outras tantas fantasias, mas me permiti sim idealizar um perfil responsável, bonito, inteligente e divertido. Mais do que isso para quê, não é?
Que fique claro: não estou a procura. Mesmo porque namoros assim não se “acham” ou “caçam”... eles simplesmente acontecem.