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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pedras


No meio do caminho de Carlos Drummond de Andrade havia uma pedra. E foi justamente ela que permitiu que ele escrevesse, talvez, o melhor de seus poemas.

Pedras, às vezes tão duras, às vezes tão frágeis. A pedra que o namorado apaixonado lança na janela da sua amada no meio da madrugada ou aquela que leva a morte quem se opõe a uma interpretação religiosa extremista. A pedra que constrói o alicerce de nossas vidas, a mesma que sob a pontaria precisa de um garoto, e seu estilingue, acerta em cheio o pássaro que voa livremente. Pedras que custam muito, preciosas, ou que aparentemente não valem nada. Não são as mesmas que, como parte de uma mistura, tornam-se muros, pisos, paredes e tetos que oferecem toda a proteção que precisamos?

Pedras, parte de uma rocha sólida, firme e imponente, ou parte de um processo natural da vida, já sedimentadas, finas, pequenas e frágeis. Não há rocha, por mais firme que seja, que não se granule um dia. Como tudo na, ou melhor, como "A" própria vida.

Encontramos pedras no caminho. Preciosas, de todos os tipos, que não estão ali apenas para nos atrapalhar. Desviar um pouquinho, ou se esforçar para movê-las, faz parte do processo natural de nossa própria sedimentação. Quem sabe se nos quebrarmos em simples areias não conseguiremos enxergar que somos parte de um Corcovado, Pão de Açúcar ou uma cordilheira sem fim?

Movendo nossos pontos de vista e enxergando outros "caminhos" iremos adiante. Pedras podem ser quebradas, paredes construídas... Hoje, amanhã e sempre.

Um comentário:

Marisa disse...

muito bom querido!!! ando tentando remover alguns pedras pesadas do meu caminho... melhor dizendo, transformar em pó!
bjs