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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sozinha


Antes: Confusa

Que mentira aquele trecho da música do Kid Abelha que diz que "a solidão do amor é uma solidão tão boa", que "quem ama, ama o amor e não outra pessoa". O medo de ficar sozinha no escuro, que eu tinha quando criança, correspondia, na minha fase atual, ao receio de nunca mais voltar a sentir um arrebatamento por dentro. Como eu poderia voltar a viver sem aquele tipo de amor? 

Eu cresci acreditando apenas no amor materno. Não conheci meu pai, não tive irmãos, nunca cheguei a amar minhas amigas. Alguns namorados me distraíram em alguns momentos, mas nada demais. E só. Nada disso me incomodava até o dia em que eu o conheci. Por ser diferente de todas as outras abordagens, de todos os outros beijos, de todas as outras transas, de todos os outros romances, namoros, eu entendi que aquele sentimento era necessário e vital. Foi rápido. Exagerado. Profundo. "E eu que pensava que não ia me apaixonar nunca mais na vida", me vi amando sem medidas.

Talvez pela ausência de um pai, de irmãos, de amigas, encontrei nele tudo o que sempre precisei. Sabe quando alguém completa todas as lacunas que existem na sua vida, naturalmente sem forçar a barra? Hoje sei que isso não é nada bom. Nem um pouco! É melhor mesmo sentir-se atraída pelo oposto como reza a lenda e viver tentando achar pontos de afinidade. Ele era tão igual, tão viciante...

Outro dia fui pega em flagrante discutindo comigo mesma. Até três semanas atrás ninguém tinha notado que isso é um velho e estranho hábito, que cultivo desde quando aprendi as primeiras palavras. Foi o suficiente para alarmar a minha mãe, sinal suficiente para que ela tivesse a certeza absoluta de que eu não estou bem, que talvez esteja  ficando louca.

Agora me vejo aqui, meio louca e muito dependente de todas as lembranças do que vivi.  "Qual o sentido da felicidade? Será mesmo preciso ficar só para se viver?"

Falaram que um terapeuta me ajudaria a responder essas questões. Mais: que sessões me fariam superá-las e, assim, evoluir como ser humano. Que após tudo, eu estaria preparada para seguir em frente e viver um novo amor. Como se eu precisasse ou quisesse. Sozinha, estremeci só de imaginar passar por tudo aquilo de novo.

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