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sexta-feira, 11 de abril de 2008

O show de Isabella

Antes de tudo um fato: é óbvio que o crime em si choca. Todas as suposições são tão perversas que a única coisa que cabe perguntar é: O que mais podemos esperar do ser humano? Dito isso tenho que - com todas as letras e em caixa alta, negrito e itálico - afirmar que: NÃO AGUENTO MAIS O CASO ISABELLA.

A espetacularização da notícia e o verdadeiro show que a mídia tem feito em cima do caso acendem o sinal de alerta para a falta de responsabilidade e comprometimento com a ética e princípios básicos do bom jornalismo.

Repórteres mal preparados e suas “notícias exclusivas”. Em bom jargão jornalístico, barriga, MENTIRA! Não vi nessas últimas semanas nada além de puro disse-me-disse e fofoquinha de bairro. Boatos viram fatos numa velocidade incrível. Tudo é bombardeado para nós telespectadores, full time, sem pedir licença, e em menos de 1 minuto os acusados viram vítimas e vice-versa.

Se foi o pai, a madrasta, o pedreiro, o porteiro ou quem quer que seja, é bom que se transmita ao grande público apenas os fatos já apurados, porque usar boatos apenas para gerar “exclusividades” é de uma canastrice e falta de responsabilidade imensuráveis.

E como todos os dias , sempre ali pelo horário da três ou seis, nossa tv insista em mais do mesmo, me espanta a repercussão desta história. O crime é bárbaro, mas nada inédito. O picadeiro formado já foi exaustivamente explorado em outras ocasiões. O lugar comum é tamanho que, vejam só, a mãe da pequena garotinha quer abrir uma ONG para lutar contra a violência infantil. Que idéia original! Não esperava mais dela do que lágrimas honestas, sofrimento verdadeiro. Com todo respeito senhora Ana Carolina Cunha, seja estado de choque ou conformismo, de inédito nessa história só mesmo a sua (falta de) reação.

Aguardem cenas do próximo capítulo. No jornal de amanhã, Isabella será apenas mais um nome de ONG. O espetáculo diário da notícia, nosso querido amado e mais do que odiado showrnalismo (não é, José Arbex Jr?), precisa de novos personagens, que insuflem a novela diária do bem contra o mal.